terça-feira, 31 de maio de 2011

Amores cristalizados

Em 2012
Beijoenroladoemabraço é a melhor memória que eu poderia levar da minha vida contigo, meu amor. E isso tem gosto de Madredeus. De verão com brisa de mar. De noites agrestes sem fim. Com aquele suave aroma carmim de amor com pele, com pelos, e dedos. Com templos perdidos em breu. E braços, e pernas, e lábios doidos a se procurarem ensandecidamente... Tão doce perder-me em teus braços, tão doce achar-me em teu colo. Ai, de mim, que não me caibo de tanta solidão e saudade. Ai de mim que tu me devoras.

Em 2011
Tenho muito amor por você e respeito por tudo o que vivemos. Sempre que me sentir (assim) do jeito que me sinto agora, sem saber pra onde vir, sei que poderei me aninhar nos seus braços. E chorar no seu colo, como o poeta me ensinou.
Um dia, amei você, "ab imo pactore", com todo meu hálito e meu sangue. Amo você ainda, "hac hora et semper",


Em 2010

É inverno onde estou (faz 3 graus) e, magicamente, as coisas se resumem.
Portanto, permita-me um breve esclarecimento.
O colo, a que me referi, não existe mais.
Ele: terno, quente, e inebriantemente peculiar...
Não existe mais no mundo das "coisas".
A não ser na inconsútil e etérea teia dos meus sonhos, onde as coisas e os seres prevalecem ao tempo e ao mundo.
Este, talvez, seja tão sagrado para mim quanto o templo, a que um dia você me convidou a adentrar.
Por favor, não encare literalmente o que não é mais.
Nem fique muda, eu te peço.
Estamos a uma distância saudável demais para que não nos permitamos falar liberalmente.
Um beijo e mais outro,



Eu entendi meu bem, só me calei porque o que você me falou era igual em mim e me calou a alma, sem necessidade de comentar.
Também ficou o mesmo amor, puro e desprovido da necessidade de se auto-afirmar, como os amores passionais do presente.
É um amor permanente, que nada mais destrói, e não se abala, seja lá o que venha a acontecer. Porque se firma onde o meu eu foi se solidificando, sem a inconstância do dia a dia... ficou no tempo, numa dimensão que irá comigo ao túmulo.
Já o amor do dia a dia, tão físico, que se toca, que se vê, que se sente a cada dia, e se encanta com voz, com pele, se embriaga em suor, sangue e semem, sofre alterações constantes, não sabendo eu onde irá parar e como se cristalizará... até que belo dia eu possa olhar pra trás e dizer que seja eterno, como esse que sinto por ti.  Que se cristalizou como algo mágico que só me traz boas recordações.
Amo você

Em 2000

SONHO E IDADE

A chuva da tarde cai leviana
Trazendo em seu corpo
Distância e saudade.
E vem em respingos de olhos e lábios,
Contornos sábios, infância e idade.

O rebuliço das flores
No cair da tarde, é lânguido e covarde.
Tal como tua voz que me vem em mechas,
Atirando flechas,
Mergulhando fundo na carne.

Leve, fria e eterna
É a noite. Seus lençóis de sonho
Amparam-me o sono etéreo
Em azul terreno longe navegando;
Espalhando cheiro de beijo e matéria.

E se em tal noite teu beijo cansa,
Espero o remanso de anos e meses.
Repito minha prece com fé e esperança
Em vinte nove amores
Vinte e nove vezes...