quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Como enganar o tempo

Nossa noção de passagem do tempo deriva dos sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Mas nosso cérebro é extremamente otimizado e evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Por isso a rotina nos passa despercebida, mas quando vivemos uma experiência pela primeira vez, nosso cérebro dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando vivemos intensamente. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, nosso cérebro coloca suas reações no modo automático.
Percebe porque os amantes precisam ser criativos?
Quando estamos envelhecendo parece que o tempo acelera. Quantos natais, revellions, viagens em longas estradas, reuniões... quantas nós já participamos? Na rotina dos anos, nem percebemos mais o que vivemos.
Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir e os desafios diminuem. Reduzimos as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que o dia pareça ter sido longo e cheio de novidades).
Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana ou no ano. A rotina, que é essencial porque otimiza muita coisa, é também a vilã na aceleração do tempo. E só há uma maneira de enganar o tempo.
Mudar e registrar as mudanças!!!!
Por isso os rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais (Um banho num banheiro escuro iluminado apenas por velas, um jantar especial _depois de um show especial, uma roupa diferente (ou a falta de uma peça de roupa) ou uma ação impetuosa...
Beijar de maneira diferente pelo menos uma vez por semana. Surpreender e ser surpreendido.
Ir a lojas e ruas diferentes, ler livros de outras áreas, de outros gêneros. Visitar museus de culturas distantes, degustar pratos esquisitos. Vale tudo.
Porque se vivermos intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.
E como temos a sorte de estarmos com alguém disposto a viver e buscar coisas diferentes, compartilhamos impressões e fazemos com que o outro descubra ou veja, através do nosso olhar, coisas que nem percebeu.
Quebremos as rotinas!!!!

(Inspirado e com trechos do texto ‘O cérebro humano e o tempo’ de Airton Luiz Mendonça, no jornal o Estado de São Paulo).